Introdução Alimentar: O método importa?
A introdução alimentar é um momento crucial no desenvolvimento do bebé e muito desejado por toda a família.
É marcada pela transição do leite em exclusivo, seja ele materno ou de fórmula, para uma alimentação progressivamente mais diversificada, quer em qualidade, quer em texturas.
Nesta fase as necessidades nutricionais do bebé deixam de ser satisfeitas exclusivamente através do leite. Em simultâneo, o organismo do lactente passa a estar preparado para receber outro tipo de alimentos e ele próprio adquire competências que lhe permitem alimentar-se, também, através da mastigação e deglutição de outras texturas. Na verdade, os nossos filhos dão-nos todos os sinais quando estão prontos, precisamos apenas de os saber interpretar.
Com a chegada desta nova etapa, surgem muitas dúvidas entre os pais, principalmente sobre qual a altura certa para iniciar, como fazê-lo da melhor forma, qual o primeiro alimento a oferecer e a consistência ideal. E com tanta teoria, decidir qual o método pode ser confuso. Mas afinal, será que o método de introdução alimentar é assim tão importante?
A resposta é: sim e não. Basicamente um “nim”.
Sim, o método importa no sentido de garantir uma experiência segura, positiva e adequada para o desenvolvimento do bebé. E não, não existe um só método universalmente perfeito para todos os casos. Cada formato possui características e benefícios específicos e a escolha deve ser individualizada, considerando a idade, maturidade e necessidades do bebé, assim como o estilo de vida da família.
Atualmente podemos classificar os principais métodos de introdução alimentar em:
- Método Tradicional: O bebé é exposto a alimentos sob a forma de purés e tem um papel mais passivo no momento da refeição.
- Baby-Led Weaning (BLW)/BLISS (Baby-Led to Solids): O bebé alimenta-se de forma totalmente autónoma, explorando pedaços de alimentos macios e com cortes seguros com as mãos.
- Método Misto: Combina elementos dos métodos anteriores.
O que realmente importa, mais até do que o método em si, é o respeito pela individualidade e ritmo do bebé, assim como das necessidades da própria família. Por exemplo, uma família pode estar muito motivada a implementar uma oferta de alimentos sólidos ao seu bebé desde o início e no entanto ficar extremamente ansiosa e com medo de engasgos no momento da alimentação do bebé, o que é contraproducente no objetivo de tornar esta etapa tranquila para todos. Por outro lado, também poderá haver pais que preferem começar por oferecer texturas mais cremosas, e, no entanto, estas não serem tão bem recebidas pelo bebé, havendo uma preferência por texturas mais sólidas.
Gosto de convidar os pais a desconstruir a ideia de que têm de escolher ou encaixar-se num deles, de forma a aliviar a pressão sentida no momento da suposta escolha. O foco deve antes ser garantir a qualidade e variedade alimentar, podendo “navegar” entre as várias possibilidades de acordo com os sinais do bebé e a confiança da família. A única coisa “inegociável” é a progressão das texturas dos alimentos e a garantia das necessidades nutricionais do bebé.
Independentemente do método escolhido, o verdadeiramente importante é:
- Oferecer alimentos nutritivos e variados: Frutas, hortícolas, leguminosas, cereais integrais e proteínas de qualidade.
- Restringir açúcar, sal e alimentos ultraprocessados.
- Respeitar os sinais de fome e saciedade do bebé.
- Criar um ambiente tranquilo e positivo durante as refeições.
- Ter paciência e ser persistente.
Por fim, saliento também que a introdução alimentar é muito mais do que uma mera reposição de nutrientes, é também um processo de aprendizagem para o bebé, com um impacto muito significativo na sua saúde futura e que beneficia de acompanhamento especializado.
É importante salvaguardar que durante o primeiro ano de vida, o leite continua a ser a principal fonte de energia do bebé, e por isso, numa fase inicial, a quantidade de alimentos ingerida pode mesmo ser bastante reduzida, sendo por isso essencial garantir a escolha adequada de alimentos e que corresponda às necessidades do lactente.
O acompanhamento nutricional das famílias durante a introdução alimentar do bebé garante:
- Que são satisfeitas todas as necessidades nutricionais do bebé, evitando carências nomeadamente em ferro, o nutriente crítico durante nesta fase;
- Que são adotadas estratégias que promovam uma relação positiva com os alimentos e um padrão alimentar equilibrado precocemente, o que terá um impacto crucial na saúde futura;
- Que a família é apoiada ao longo dos diversos desafios que podem surgir,
- A gestão de expectativas relativamente à aceitação/seletividade, apetite e quantidades ingeridas do bebé, proporcionando segurança e tranquilidade.
Abrace esta nova fase e permita que o seu bebé tenha espaço para explorar os alimentos, se suje e se divirta. Acima de tudo, confie na sua intuição e na do seu bebé! Marque a sua consulta de introdução alimentar individualizada com a nossa equipa AQUI.