Papas infantis VS Papas bio e caseiras?
A papa de cereais é outra alternativa frequentemente aconselhada para a iniciação da diversificação alimentar. São fonte de hidratos de carbono, proteína vegetal e em regra os pediatras, hoje em dia, ainda continuam a recomendar começar por uma primeira papa sem glúten. No entanto e tendo em conta as atuais recomendações ESPGHAN, o glúten deve ser introduzido a entre os 4 e os 7 meses, o que significa que a papa introduzida a partir da diversificação alimentar pode, desde o início, ter glúten.
Podem encontrar à venda papas instantâneas indicadas para esta fase fáceis de preparar e já há, finalmente, várias opções sem adição de açúcar de diferentes marcas, lácteas (com leite incorporado, pelo que são preparadas com água) ou não lácteas (preparadas com leite materno ou fórmula infantil), com ou sem glúten, com ou sem fruta, bio ou ditas “tradicionais”. As papas bio de compra, contudo, não são enriquecidas em vitaminas ou minerais como ferro (ao contrário das papas tradicionais industrializadas). Afinal de contas quais as melhores, quais os prós e contras… vantagens e desvantagens de cada uma delas?
Foi exactamente este tema que gerou a discórdia e as duras críticas ao manual compilado pela DGS onde, entre muitas outras recomendações e sugestões baseadas na mais recente evidência científica, refere que “as papas ditas “normais” compradas – isto é industrializadas – têm benefícios em relação às bio e às caseiras“.
Se por um lado as papas bio apresentam a “desvantagem ” de não serem enriquecidas, as caseiras, por outro lado, segundo o documento não apresentam segurança nutricional ao não permitirem a quantificação dos macro e micro nutrienters pois são feitas com uma mistura livre de ingredientes. Aqui não consigo perceber!
Na altura da publicação do Jornal Público [vê artigo completo AQUI] e de todos os insurgimentos todos que existiram nas redes sociais não me manifestei. Quis ler o artigo e o documento completo para conseguir tirar as minhas próprias conclusões sem ser influenciada pelas duras críticas que iam sendo tecidas. Tive algum tempo a digerir a informação e ainda assim hoje não entendo porque é o que a “mistura de cereais caseira” (ou seja papa) não é interessante para as crianças.
Aliás, posso dizer que vejo com bons olhos a evolução nutricional positiva que as papas instantâneas infantis têm vindo a ter ao longo dos últimos anos, nomeadamente na redução e posterior eliminação de açúcares adicionados, contudo apenas vejo a vantagem de serem mais práticas do que se prepararam em casa com cereais “verdadeiros”. De resto, e tirando os enriquecimentos (ainda assim considero questionável a sua real necessidade, quando feita uma correta diversificação alimentar com uma boa aceitação por parte da criança, mas isso são outros quinhentos) não vejo qualquer tipo de desvantagem, muito pelo contrário. O facto das famílias poderem fazer misturas livres de ingredientes não é um obstáculo. Porque seria? As sopas também podem ser misturadas de forma livre, ou não? Ainda assim existem orientações sobre a sua composição, não aconselhando para o efeito potes de cremes de legumes em detrimento das sopas caseiras. Por isso não entendo nem a comparação, nem a justificação. Pergunto-me se me está a escapar alguma coisa!?